terça-feira, 26 de julho de 2011

Alguém especial

Alguém especial


Sou uma pessoa que sempre procurou alguém especial para preencher a vida. Não sei se é o seu caso, mas, este é o meu caso. Sofri e sofro muito por isso. São muitos anos vivendo desta forma. Hoje, maduro, observo o quanto fui indisciplinado com as coisas que me tocavam o coração. Não sei por que as abandonava sendo que neste exato momento sinto falta, justamente delas.
Confesso que tive vários amores e poucos dissabores. Tive muitos amigos e poucos inimigos. Só não fui especial para nenhum deles. Por isso, a insatisfação e procura por alguém que possa ocupar o que falta com compreensão e nada exigir.
Daqui para frente resta pouco para tentar salvar os anos desta procura. Conto os dias com previsão, vivo com intensidade, embora, ainda sem exatidão de como encontrar.
O passado deixou no meu íntimo a impregnação das crenças e culturas que nunca existiram e tão pouco faz parte da minha alma. Sei que quando passei a existir, estes paradigmas sociais e familiares foram construídos a revelia, quase impercebíveis no meu inocente viver. Feito tempestade, inundaram a minha existência e me consumiram como escravo a servir pensamentos e não as vontades. Portanto, preciso encontrar alguém especial antes que não dê mais tempo para amar. Antes que não dê mais tempo para dizer eu te amo. Antes que não dê mais tempo para achar o que de fato irá me fazer feliz.
Engraçado... Sempre procurei sem encontrar e não prestei atenção que o tempo passa, ou melhor, voa. Pelo contrário, nas fases anteriores, infância e mocidade não tinha esta preocupação. Mas, agora, estou atento e exigente ao que faltou explorar no meu ser. Dividido, não acho a outra metade que fale aos ouvidos, você é especial.
Mesmo sabendo que a fila anda e que estou próximo da entrada, sigo igual a todos sem saber em qual teatro vou entrar e qual papel eu irei interpretar. Resisto e penso em como parar esta caminhada. Só sei que depois de muitos anos, cansado, sinto a falta de orientação e de um ombro amigo. Confuso, não entendo por que tenho que lutar para ter felicidade.
Foi assim a minha vida, entre a procura e o descanso, trancado no esconderijo da intimidade tentando esclarecer a razão de tanto sofrimento. Uma batalha interminável com as entranhas e dificuldades deixadas pelos medos a fim de impedir encontrar na clareza mental, a verdade dos meus sentimentos.
Ah! Quantas inseguranças invadiram por tanto tempo as minhas manifestações. Acreditem, não vivi o bastante para ser amável e, sim, rebelde. Até que de repente... Em um momento de lucidez... De calmaria em minha mente... De transcendência... Escuto uma voz vinda do meu interior... Do âmago do meu ser... Você é especial! Nunca te abandonei e sempre te amei. Sou o legítimo amigo de todas as horas. Eu te criei para amar e dar amor. Não omita e nem resista. Sou a entrega que une a mente ao coração. Chega de me substituir pelo ego possessivo. Estamos juntos desde o nascimento e por respeito ao livre arbítrio, não me revelei. Crescemos na cumplicidade da alma. Sou pequeno no corpo, em contrapartida, sou imenso no espírito. Sou você no presente, no passado e quando não mais existir na matéria. Sou a sua consciência reveladora... O alguém especial que tanto procura...
Foi neste momento que me tornei humilde e, pude compreender que em todos os momentos de indiferenças e rejeições, eu não me amava. Assim, prepotente, buscava fora de mim por alguém especial. Fugindo do amor que Deus tem por mim.

Rubens Fernandes

terça-feira, 19 de julho de 2011

Orientador

Orientador

Quando buscamos sair dos conflitos e não encontramos uma saída é porque não conseguimos ouvir os conselhos da consciência. Neste momento, por várias razões que vão desde uma simples ansiedade até uma mágoa profunda, ficamos reféns das racionalizações que não deixam os sentimentos da compaixão vir à tona. Os resultados todos sabem são as brigas intermináveis e os desencontros entre a manifestação da raiva e do amor. Assim, os relacionamentos são afetados pelas indiferenças e pela falta de sinceridade para exprimir o que de fato está sentindo.
Existe dentro de cada ser um guia capaz de realizar todas as soluções. Apenas com um detalhe! Sempre que agimos com o intuito de valorizar o eu, em detrimento das ações do ego, este nos leva a distanciar cada vez mais deste protetor. Feliz é aquele que ouve e expande o eu legítimo e o coloca a disposição dos outros, sem perder o respeito e o amor próprio.
Na maioria dos casos são as confusões de pensamentos que não deixam estabelecer o contato com as tranquilas informações do orientador interior, capaz de indicar o caminho que irá transformar e desvendar o que é amar, respeitar e ser feliz. Tal qual um guerreiro que sai em defesa para dar proteção natural a todo sistema psicológico, direcionando de forma amigável, o rumo certo da vida.
O comum é confundir autoestima com atitudes egoísticas. Esquecem que aprender a valorizar-se é jamais transpor os direitos sentimentais dos outros. E, quando isto ocorre, é porque o ego está no comando, enganando e vivenciando as razões que geraram os sentimentos de insegurança. Age sem verificar com o coração e vai logo formando os desejos de vingança. Neste caso, falta amadurecimento a ser colocado para fora. Falta avaliar o processo internamente e entender o outro lado da questão. Falta coragem para escutar a voz da intuição protetora. Situação em que a desforra fala mais alta e os conflitos passam a existir. Na religiosidade, é o mesmo que vender a alma ao diabo e sentir o senhor intocável por uma enganosa superioridade.
Enquanto esta ligação perdurar, dificilmente irá existir a tão sonhada paz interior. Sempre algo estará incomodando e subtraindo a alegria de ser e de viver. Atos impensados e sem orientação espiritual não são restauradores, ao contrário, são atitudes desperdiçadas para existir e vivenciar dentro da normalidade de ser.
Atuar acatando a voz da consciência é abolir as riquezas espirituais e materiais prometidos pelos pensamentos sem consistências. É vencer pelos direitos constituídos, pois o que é do homem o bicho não come. É ficar livre do processo angustiante que maltrata e tira da humanidade a qualidade de existir. O que é nosso já vem incorporado para se tornar visível nas diversas fases da existência. Para tanto, basta ouvir e ficar atento as ordens do guia protetor.
A verdade é tão experimental que o mais nobre dos humanos que já passaram pela terra sabia disto e, em nenhum momento, se furtou da missão de morrer por ela. Jesus, não foi egoísta. Proclamou a todos que deveríamos fazer a vontade do Pai. E, isto nada mais é do que seguir as instruções do orientador interior. A bússola da vida também faz parte do pacote. Saber usá-la é sair da prisão.

Rubens Fernandes

terça-feira, 12 de julho de 2011

Talentos influenciados

Talentos influenciados
Nós nascemos como menino ou menina que vem ao mundo para ficar conhecido e realizar o sonho dos conquistadores. Mas, por predomínio dos nossos pais, avós, tios e até de amigos, perdemos o contato com o que de fato queremos. Ações que levam inocentes recém nascidos a sofrer influência dos ideais não realizados dos entes queridos. O interessante é que fomos feitos para ser único e para realizar a vontade do que trazemos na fonte dos desejos. Verdade escrita tal qual um DNA espiritual que tem que ser manifestado, caso contrário, trará sofrimento no decorrer da jornada existencial.
O comum é desempenharmos pequenos talentos próximos do verdadeiro, adormecido no âmago do nosso ser. Procedimento que nos dá energia suficiente para ir tocando a vida, mas, longe de chegar à realização plena. Primeiro, é preciso sentir, amar e dividir a alegria de ter um encontro com a própria essência. Segundo, transformar para representar mentalmente um ato a ser criado em obediência ao impulso ou motivos ditados pelo coração. Terceiro, uma capacidade de escolha tomada em decisão com a entidade superior estabelecida na consciência e nunca de terceiros.
Raras são as pessoas que conseguem este triunfo. São as iluminadas e, se repararmos, irá verificar que a vida delas flui livremente com carisma e sabedoria. Popularmente dizemos: “vão de vento em poupa”. São criaturas especiais que agem com naturalidade, com disciplina e com desenvoltura sem perder o fio da meada. Apenas um detalhe, é preciso não confundir com os problemas e conflitos pessoais. Estamos falando do dom que tem que ser expandido em busca da concretização da aptidão natural. Não os exercidos por imposição e, sim, os próprios. Algo como encontrar a mina de ouro no subsolo da propriedade que lhes pertencem. A dádiva de saber explorar, lapidar e expandir o talento autêntico, com firmeza e coragem, para alegria do Pai revelada nas qualidades do Cristo obediente.
O Divino que está embutido dentro de nós é que tem que ser descoberto conforme a nossa verdade e, não, nas opiniões influenciáveis dos outros, pois, esta não nos pertence. É preciso ser o instrumento criador que determina a força preciosa das realizações. Sonhar, concretizar e ser feliz sem esforço. Para a glória do corpo, da mente e do espírito.
Grande parte da humanidade não acredita e tão pouco conhece este instrutor que se encontra enraizado dentro dos sonhos que precisam ser materializados. Um parceiro íntimo dos objetivos a serem cumpridos. E, juntos, conduzir como perfeitos idealizadores a missão de perseguir com interesse e paixão, o que já vem determinado desde o nascimento. Muitas vezes esta faculdade de aceitar a ordem que vem do interior é confundida com outras que vem do exterior. É aí que mora a ilusão! As crenças, os conceitos e os paradigmas que impuseram em nossas cabeças, criando os talentos influenciados que afastam os homens do sentimento construtor dos desejos da alma.
Não é preciso ir longe para encontrar o talento perdido. Ele está mais próximo do que se possa imaginar. Basta romper a barreira da culpa e do medo. Basta vencer os espinhos para chegar à rosa. Se entregar e gritar para que todos possam ouvir... Seja bem-vindo e me faça feliz!

Rubens Fernandes

terça-feira, 5 de julho de 2011

Quando você é a criança!

Quando você é a criança!

A maioria das pessoas age em razão da criança do passado. Hoje, adultas, vivem em função dos fatos marcantes da infância. Em situação de pressão não conseguem raciocinar com a idade presente. São vítimas das ações que as envolveram e criaram as crenças dentro das experiências vividas. Claro! Inocentes, ocasionadas pelos sentimentos do medo, da rejeição, das culpas e perdas relevantes que as afastaram do pensar maduro. Estas marcas não se apagam, ficam latentes, prontas para sair do inconsciente e manifestar quando acuadas diante do momento que assemelham ao triste acontecimento. Sentimento que leva o adulto a agir em parceria com as questões sofridas e realçadas no subconsciente quando você é a criança.
É comum ouvir falar que fulano ou sicrano tem dupla personalidade. Na realidade a manifestação do que se pensa ou expressa é dependente do momento em que uma das qualidades próprias estará pronta para atuação: a ingenuidade ou a maturidade. Algumas pessoas têm dificuldade de pensar antes de executar e estaciona numa determinada idade em situações que assemelham a dor sofrida anteriormente. Outras seguem crescendo com naturalidade, assimilam e revertem os desgostos estampados no sistema psicológico. Enfim, as pessoas de duas caras, palavras popularmente usada, são dependentes da firmeza de caráter e do aprendizado que cada qual tem ao saber lidar com os traumas ou impressão que recebeu por doutrinamento familiar, educacional e social.
São os acúmulos das emoções vividas que determinam a personalidade e tem que ser diferenciadas do caráter. São comuns indivíduos de boa índole e pacificadores, entrar em desespero e praticar reações fora do controle, justamente por perderem o comando adulto para a criança atuante.
Deste modo, a infantilidade encobre a felicidade que varia conforme os relacionamentos. Nascemos limpos de tensões. A família, o grupo social, a educação recebida, o sexo e a religião na qual nos encontramos envolvidos é que determinam o que somos. Assim, evoluímos desde o princípio da existência expostas as várias informações que nem sempre resultam em equilíbrio. Diante do meio envolvente, do que desejamos e do que os outros esperam de nós ficamos vulneráveis as carências afetivas. São elas que distinguirão a criança ou o adulto em atuação.
Desde que nascemos o conhecimento e o envelhecimento nos empurram para a maturidade, ensinando, moldando, castigando ou premiando-nos, durante as sucessivas etapas da infância e da juventude. Primeiro a família, depois a escola, o grupo de amigos, vamo-nos formando, sempre em função de padrões comportamentais, em busca de sucesso, de reconhecimento, de aprovação e de afeto. Se porventura em alguma destas ocasiões somos feridos emocionalmente, o processo natural progressivo da psique pode parar, rompendo o elo do amadurecimento. A consequência é um adulto se tornando criança frente a tais situações, fato que podem perdurar por longos e intermináveis anos.
Então! Na hora do aperto, da necessidade e do raciocínio lógico, pare por um instante. Preste atenção nos atitudes e sentimentos, sem medo de avaliar e verifique quem de direito está comandando. Nunca esqueça que quando se permite incorporar a criança rebelde ou revoltada de ontem, o amanhã de alegria não será possível ao adulto.
Ah! Não confunda com a criança pura e imaculada, esta sim, herda o reino dos céus! Quando você é a criança mimada, mentirosa, prepotente e coloca a culpa no outro, esta lhe rouba a alma e não deixa você ser feliz.

Rubens Fernandes
rubensfernandes@bol.com.br