terça-feira, 19 de abril de 2011

Castração

Castração
O mundo evolui com uma rapidez incrível. A tecnologia avança e coloca ao dispor dos homens as facilidades. Perante a evolução material a espiritual parece parada no tempo e no espaço.
É preciso urgente acabar com a defasagem da dianteira imposta pelas coisas materiais. Temos que nos unir, a fim de buscar uma resposta para decifrar as dificuldades que os seres humanos têm para evoluir espiritualmente na mesma proporcionalidade. E, ser feliz...
Dificilmente uma pessoa não passa ou passou por acúmulos de sujeiras mentais que a derruba frente à jornada da existência. Resta saber onde está a causa de tanto sofrimento, já que a descoberta na área da saúde vem aumentando a expectativa de vida. Porém, sem tempo para o lazer, para o contato familiar e para manifestar o envolvimento nascido da vontade íntima, as questões espirituais retardam as transformações amorosas. Eis uma questão preocupante!
Entendo que sabotamos o desejo de ser o mais puro amor. Em verdade, somos livres carregando uma prisão mental. Dotados de preconceitos que geram a castração.
De que adiante tantas opções de aquisição? Pois é! Mesmo assim o bicho humano não consegue viver a sua plenitude. Falta alguma coisa que não o deixa ser completo. Falta a compreensão para unir o ter com o ser. Por herança, herdamos a crença que o prazer é pecado, podando a nossa evolução espiritual, no ritmo desejado.
O que intriga é que este alguém sou eu, você e todos a reclamar ou, a buscar um ombro amigo a quebrar paradigmas. E, quando temos a oportunidade de se sentir livre, nos escondemos por medo de ser contestado ou desmoralizado. Acreditamos que a nossa verdade não pode ser descoberta por quem amamos, em razão das crendices adquiridas.
Assim, ao contrário do processo material evolutivo que destina facilitar a humanidade, o processo psicológico parece travar a tão almejada felicidade. Reparem... Sempre tem algo a ser questionado quando estamos com sentimento de liberdade. E, isto se chama castração. Surgiu há muitos anos como forma de educar, impor limites e beneficiar os poderes constituídos. É desta forma atrasada que ainda caminha a humanidade. Castrada pelo sistema cultural do que pode e não pode. Das doutrinas que tornam alguns radicais e outros alienados. Da tradição familiar. Da cultura de interesse das mais diversas forças ditatoriais. Dos sistemas religiosos e dos feitiços de falsos ídolos a dominar as camadas sociais.
Vivemos as crenças conservadoras dos antepassados. Trancadas a sete chaves. Uma vez ou outra surge uma personalidade capaz de aferir melhor a cegueira moral empregada até agora, mas, logo é sabotada pelos interesses organizacionais, sejam eles políticos, sociais ou religiosos. Jesus é um exemplo!
A espiritualidade não evolui conforme deveria, pelo fato de ser manipulada por falsos preceitos. Por isso, o povo sofre sendo guiado pelos abusos dos interesses. Sujeito a culpa e a condenação. E, esta é a forma mais desumana de castrar a vontade íntima. Sem conhecimento específico a aspiração de ser livre para decidir e agir na imparcialidade, fica prejudicado. O mundo valoriza o ego e impede a alegria do prazer da alma. É preciso transcender os conceitos e varrer as sujeiras mentais. E, ir ao encontro da verdade que habita no interior de cada um. Ser livre para amar...

Rubens Fernandes
rubensfernandes@bol.com.br

terça-feira, 12 de abril de 2011

Deus e o Salmão

Deus e o Salmão
Salmão, apenas um peixe a existir entre outros tantos exemplares criados pela Mãe Natureza. Embora, com uma característica diferente. Possuidor de uma história de vida exemplar, além, é claro, da carne rosada apreciada por possuir substâncias capazes de dar alegria quando consumida regularmente. Sua gordura é saudável e rica em ômegas, essenciais para a serotonina, um neurotransmissor responsável por uma molécula envolvida na comunicação entre os neurônios, elevando o estado de humor e felicidade.
Mas, esse peixe tem algo sublime a nos ensinar. Deus, embora muitos não saibam, fala com os homens através das criações. Expõe através dos animais os belos exemplos de conduta e atitudes para servir de lição aos dotados de livre arbítrio. Não é por acaso que o Ser Supremo fez o homem a sua imagem e semelhança. E, como todo bom pai, participa do crescimento e desenvolvimento do seu filho. Após criar o ser humano, o mais nobre das criaturas, respeita à decisão de cada um, por isso, concedeu a todos o poder de escolher, pensar e agir. Porém, sabedor das influências negativas, exemplifica por meio das outras obras, o caminho a ser seguido para conquistar a vantagem de viver o céu na terra. Livre, leve e solto... Aliás, quem não deseja?
Assim sendo, através das ações dos seres dotados de instintos, o Criador mostra detalhadamente as Leis Naturais, vivida pelos bichos para servirem de orientação aos humanos, a fim de aliviar o coração e as pressões geradas pelos conflitos do dia a dia e, a disposição para serem aplicadas, sempre que existir a vontade de adquirir uma forma de aliviar as tensões. O Salmão é um deles.
Ao nascer nas alturas, em águas doces e cristalinas, esse anfíbio começa a via sacra da sua existência. Correnteza abaixo, enfrentando todos os perigos e dificuldades que possam impedi-lo de alcançar o objetivo da espécie, o de viver na plenitude do oceano.
Ao chegar a hora da morte, pega a estrada de volta fazendo o mesmo trajeto, até se encontrar no exato local do nascimento. Novos desafios, mas, desta feita, com um esforço sobrenatural, pois se trata de correnteza acima. Além das cachoeiras e cascatas a serem vencidas, é preciso fugir das garras do predador. O esfomeado Urso Pardo. Os vencedores desta longa e extenuante jornada desovam e fecundam a geração futura. Dever cumprido... Morre.
Eis o segredo! Dentro de cada um existe este modelo de viagem. Basta ter coragem para experimentar e enfrentar a batalha. Primeiro, reconhecer os acontecimentos passados a partir de um ponto, sem criar resistência. Segundo, iniciar o caminho da volta. Esta é a única maneira que uma pessoa tem para obter a cura dos males e traumas adquiridos. Não basta só pedir perdão, é preciso reviver e esclarecer o sofrimento no momento do fato. Isto feito, amar e entender para permitir o nascer da compreensão. Remover as etapas das dores causadas e recebidas para se ver livre das garras da infelicidade. Ser guerreiro tal qual o Salmão. Vencer o tormento da regressão, eliminando os obstáculos com compaixão para fortalecer e aliviar a continuidade da vida. Deus fala aos homens através dos animais. Felizes os que creem e, por gratidão, os preservam.

Rubens Fernandes
rubensfernandes@bol.com.br

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Semente de maçã

Semente de maçã
Outro dia... Não sei por que, ao comer uma maçã observei que uma das suas sementes ficou grudada na minha mão. Algo comum e corriqueiro, com um detalhe, eu não estava num dia normal. Meus pensamentos estavam a buscar uma solução para a realidade dos conflitos e diferenças entre pessoas, as quais se cruzam a todo o momento, ainda que irmãos em Deus. Enfim, estava aflito. Estava à procura de me fazer compreender dentro da existência de vida irmanada. Pensava... No princípio era um e agora somos muitos.
Por um instante, algo impressionante me impulsionou para o fundo da alma, como num passe de mágica, ultrapassando conceitos e preconceitos até atingir o nada. Isto mesmo, o nada... Vazio... Estático. No estágio de parecer sem vida, igual à semente grudada na minha mão.
Não oferecendo reação ou contestação, não tenho a mínima ideia por quanto tempo fiquei sem ação. Só sei que foi bom! Algo calmo e tranquilo, longe dos atritos da minha incansável fonte de pensamentos, a raciocinar, a buscar razões e justificativas para não ser eu mesmo. Como se fosse possível mudar o que sou. Desgaste mental tolo e bobo.
Incrível! E, ao mesmo tempo difícil de entender, questionava como uma semente podia chamar tanta atenção a ponto de levar-me a ter contato com a Lei da Transformação? Da inexistência para existência? Do não manifestado para o manifestado? Fato é que me encontrava num silêncio profundo a observar e desvendar o mistério das etapas seguintes, broto, árvore e frutos contidos no germe em seu estado inicial. Foi o mesmo que tirar a venda dos olhos e enxergar o princípio do nascimento, vida e multiplicação. A tão almejada continuação de existir após ter cumprido os desígnios de ser fruto, retornar semente e, de novo, poder virar maçã no efeito da metamorfose.
Ao votar desta transcendência, pasmem, encontro um olhar completamente diferente para a pequena parte de uma fruta, cuja fração embrionária continuava grudada na minha mão. Mas, agora, vista de forma diferente.
Não era mais apenas uma semente e, sim, o próprio fruto que há pouco deliciava e saciava a minha fome. Para entender melhor, numa rapidez inexplicável me vi no túnel do tempo sendo lançado para o futuro. Atento, eu fui observando passo a passo o desenrolar do miúdo grão. Primeiro, a deitar numa camada de terra que por si só buscava a germinação. Depois, se transformando numa velocidade extraordinária até me ver sentado em baixo de uma frondosa macieira, comendo e saboreando o produto final da semente grudada na minha mão.
Que viagem alucinante! Foi maravilhoso observar uma semente tornar árvore, dar fruto e voltar a ser múltiplas sementes.
O interessante foi descobrir que a vida é continuidade para os que são obedientes e acatam as origens. “Crescei e multiplicai-vos”, em respeito a si próprio, pois, o próprio, está contido dentro da evolução e preservação de cada espécie. Aí, neste instante, fiquei iluminado! Pude entender a grandeza de ter nascido para sempre existir. Da importância de experimentar as etapas da existência. Do amar e entregar para evoluir nas fases da vida. Compreender que é melhor germinar nas minhas raízes para frutificar o que sou e serei. Entender que as transformações é o caminho da eternidade. Deixar renovar o Pai, o Filho e o Espírito Santo para suceder e multiplicar a semente do Criador. Eu... Você... E, todos na comunhão do caráter de Deus.

Rubens Fernandes
rubensfernandes@bol.com.br