terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Atitude selvagem

Atitude selvagem
O mundo animal me seduz. Às vezes não entendo esta cumplicidade. Só compreendo que me dá prazer em observar os bichos, embora, à distância, por achá-los diferentes. Na verdade, nunca gostei de tê-los na intimidade, só quando era criança, até presenciar o meu cão de estimação ser castrado. Não sabia o que estava acontecendo, mas, os latidos me diziam que estava sofrendo. Desde então preferi não ter um bicho como companheiro e, com o tempo, fui observando que os humanos têm dificuldades de respeitar as divergências do relacionamento, bem como, separar a natureza essencial de cada ser. O fato é que nunca esqueci a complexidade da ação e a carrego no subconsciente, por isso prefiro não ter para não praticar a mesma irracionalidade. Talvez, por receio de generalizar o que condeno.
Hoje, adulto, entendo a atitude de inutilizar os órgãos reprodutores a época, mascarada no radicalismo que sexo não é um procedimento natural e, sim, um ato pecaminoso. Penalizado, o pobre do meu cachorro pagou o preço de não poder exercer a continuidade da sua descendência. Coisas da crendice humana que coloca a castração sexual ou psicológica como referência de aprendizagem corretiva.
Não existe o acaso quando se trata de estar no Planeta Terra. Somos partes integrantes do Universo e regido por Leis Naturais. Ao entender que somos dependentes uns dos outros, torna-se fácil o convívio entre racionais e irracionais, num protocolo de respeito mútuo. Fomos concebidos para a unificação. Cada espécie no seu habitat em prol do desenvolvimento de todos.
O lamentável da experiência é saber que a realidade não é bem assim... A compreensão e a incompreensão nascem no coração e depende da sentença que cada cabeça julga a correta. Os animais vivem por instinto, porém, não diferem de alguns humanos que agem subordinados por uma mente selvagem, constituída por crenças e preconceitos. E, quem vive dos preconceitos se afasta do amor. Sem amor, o ato animalesco também é presente nos seres dotados de raciocínio. A conclusão é triste quando se depara com animais sendo utilizados pelos homens e, sem contrapartida, homens maltratando os animais.
Esta fúria selvagem enraizada na cultura também me preocupa. Afinal, sou andarilho nesta estrada da sobrevivência. Sei que é preciso respeitar as diferenças e entender que não devemos causar sofrimentos aos que tem vida. Temos os mesmos direitos perante o Criador, todavia, os racionais têm a obrigação de conduzir com compaixão os irracionais, independente de ser gente ou bicho.
Acredito que a fera escondida dentro dos humanos tem que ser rendida. A atitude animalesca tem que ser amansada. A convivência com aos animais tem que ser um ensinamento aos que se julgam fortes, a fim de não exercerem a prepotência sobre os fracos. Por sorte, a humildade dos indefesos aos poucos destrói a atitude selvagem dos homens.
Agora... O que não pode é castrar e tratar bicho como gente e, tão pouco, gente como bicho. Antes de adotar um animalzinho de estimação ou optar por um relacionamento... Pense nisto!

Rubens Fernandes
www.rubensfernandes.blogspot.com

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