Progenitores
Dificilmente a maioria dos genitores consegue entender que são os responsáveis pela prisão e frustração dos filhos. A super proteção e querê-los por perto são o mesmo que continuar amamentando, direcionando e castrando-os para não serem livres as realizações depois de adultos. Esta postura nada mais é do que a culpa de não ter tempo para educá-los, permitindo certos abusos em compensação aos interesses de tê-los próximos, justificando a ausência nos momentos exigentes da boa orientação. São pais egoístas para soltá-los nas decisões independentes. Colocados entre a cruz e a espada, a dependência os transformam em pessoas inseguras para desenvolverem a própria natureza interior.
Sem constrangimento, ser pai ou mãe é uma tarefa difícil em detrimento as culturas e crenças estabelecidas. Paradigmas errados, pois os pais deveriam observar as habilidades e os talentos que possam existir em seus filhos e, jamais, permitir que o crescimento esteja na mudança do potencial estabelecido por direito divino. O acompanhamento educativo tem que ser socorrido nos tombos e nunca no incentivo da desistência. Impor outro rumo é prejudicial. A trilha deve ser desbravada e orientada para que haja livre manifestação. Cada qual com sua missão.
Já, os revoltados, são aqueles criados na contradição do faça o que digo e não faça o que faço. Pais ausentes passam sentimentos de rejeição, justamente por quererem caminhar sem abrir mão dos desejos. Sem coerência nos atos e atitudes, a aprendizagem rompe a confiança e o processo da instabilidade invade o modo de ser dos filhos criados. Desiludidos, se julgam fora da responsabilidade familiar e social, embora preso a dependência, gerando conflito íntimo de não serem livres para as próprias transformações.
Da mesma forma que a dualidade é exercitada ao longo da existência para que haja livre escolha, a maturidade de um filho nunca pode ser dependente da forma imposta pelas vontades não realizadoras dos progenitores. Nem sempre o filho de um dentista tem que ser dentista. Se isto vier acontecer por naturalidade, tudo bem, caso contrário é erro de direção e não leva a lugar nenhum.
O apego só atrapalha. Decidir pelo que o filho tem quem ser é desrespeito humano. Mantê-lo em cativeiro familiar é destruir um futuro promissor. O medo da perda de um pai ou de uma mãe destrói o caminho a ser percorrido. Filhos são como as partes do universo. Cada qual com sua função. Infelizes aqueles que ao invés de educá-los para o mundo, buscam chantageá-los para tê-los por perto. O preço da reação é alto. Pais conscientes não são donos e, sim, instrutores.
Rubens Fernandes
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