quarta-feira, 20 de junho de 2012

A inculpabilidade


A inculpabilidade


O coração sangra, o corpo envelhece e os pensamentos dispersam quando se convive com a culpa. Admiti-la é o maior desafio do homem. As pessoas se enganam por não aceitar estarem culpadas quando erram ou levantam falso testemunho. Os pobres de espírito desconhecem que o julgamento não vem de outros, mas da alma que omitiu ou causou o dano.

É dever de todos não induzir acusações ao inocente. Torna-se criminoso todo aquele que desfere suas mágoas e raivas ao caluniar ou mentir para se sentir impune. Pensar que se trata de pequenos delitos, não dar valor ao arrependimento, é viver nas garras do sofrimento. Feliz daquele que desfaz a ilusão para se livrar da culpa.

Nada é fácil para quem se coloca na falta voluntária do dever a ser cumprido. Da responsabilidade de arcar com os seus próprios atos. É difícil conviver com a culpa. Ela envenena, deixa a vida amarga, com sentimento de inferioridade e traz perturbações físicas e emocionais.

Manter-se na inculpabilidade é sinal de mau caráter. É mascarar para não ser descoberto em pensamentos e atitudes maldosas. É ter desvios psicológicos a cometer erros graves sem respeitar os semelhantes. Isto não só é sacanagem... Como desvio de conduta moral.

O primeiro passo para se reabilitar é verificar a extensão dos danos que são causados a terceiros quando mentimos ou envolvemos pessoas, a fim de dissolver os pecados que atribuímos em quem não tem nada a ver com o problema. É preciso absolver o delito para eliminá-lo.

Conviver com o estado de inculpado traz transtornos imorais para a sociedade. O incapaz de reconhecer e inocentar, jamais sairá do atoleiro psicológico envolvente. Não importa como será a rendição perante o qual foi levianamente acusado, mas é preciso coragem para pedir perdão, mesmo que encontre resistência e frieza de quem foi acometido pelos crimes que não cometeu.

A pior de todas as culpas é a consciente, desferida friamente, acreditando na sua não ocorrência, mantendo a conduta como se nada estivesse acontecendo. Sorrindo, vivem a enganar a si e o próximo. Estes são os capetas disfarçados em asas de anjos.



Rubens Fernandes








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