terça-feira, 5 de julho de 2011

Quando você é a criança!

Quando você é a criança!

A maioria das pessoas age em razão da criança do passado. Hoje, adultas, vivem em função dos fatos marcantes da infância. Em situação de pressão não conseguem raciocinar com a idade presente. São vítimas das ações que as envolveram e criaram as crenças dentro das experiências vividas. Claro! Inocentes, ocasionadas pelos sentimentos do medo, da rejeição, das culpas e perdas relevantes que as afastaram do pensar maduro. Estas marcas não se apagam, ficam latentes, prontas para sair do inconsciente e manifestar quando acuadas diante do momento que assemelham ao triste acontecimento. Sentimento que leva o adulto a agir em parceria com as questões sofridas e realçadas no subconsciente quando você é a criança.
É comum ouvir falar que fulano ou sicrano tem dupla personalidade. Na realidade a manifestação do que se pensa ou expressa é dependente do momento em que uma das qualidades próprias estará pronta para atuação: a ingenuidade ou a maturidade. Algumas pessoas têm dificuldade de pensar antes de executar e estaciona numa determinada idade em situações que assemelham a dor sofrida anteriormente. Outras seguem crescendo com naturalidade, assimilam e revertem os desgostos estampados no sistema psicológico. Enfim, as pessoas de duas caras, palavras popularmente usada, são dependentes da firmeza de caráter e do aprendizado que cada qual tem ao saber lidar com os traumas ou impressão que recebeu por doutrinamento familiar, educacional e social.
São os acúmulos das emoções vividas que determinam a personalidade e tem que ser diferenciadas do caráter. São comuns indivíduos de boa índole e pacificadores, entrar em desespero e praticar reações fora do controle, justamente por perderem o comando adulto para a criança atuante.
Deste modo, a infantilidade encobre a felicidade que varia conforme os relacionamentos. Nascemos limpos de tensões. A família, o grupo social, a educação recebida, o sexo e a religião na qual nos encontramos envolvidos é que determinam o que somos. Assim, evoluímos desde o princípio da existência expostas as várias informações que nem sempre resultam em equilíbrio. Diante do meio envolvente, do que desejamos e do que os outros esperam de nós ficamos vulneráveis as carências afetivas. São elas que distinguirão a criança ou o adulto em atuação.
Desde que nascemos o conhecimento e o envelhecimento nos empurram para a maturidade, ensinando, moldando, castigando ou premiando-nos, durante as sucessivas etapas da infância e da juventude. Primeiro a família, depois a escola, o grupo de amigos, vamo-nos formando, sempre em função de padrões comportamentais, em busca de sucesso, de reconhecimento, de aprovação e de afeto. Se porventura em alguma destas ocasiões somos feridos emocionalmente, o processo natural progressivo da psique pode parar, rompendo o elo do amadurecimento. A consequência é um adulto se tornando criança frente a tais situações, fato que podem perdurar por longos e intermináveis anos.
Então! Na hora do aperto, da necessidade e do raciocínio lógico, pare por um instante. Preste atenção nos atitudes e sentimentos, sem medo de avaliar e verifique quem de direito está comandando. Nunca esqueça que quando se permite incorporar a criança rebelde ou revoltada de ontem, o amanhã de alegria não será possível ao adulto.
Ah! Não confunda com a criança pura e imaculada, esta sim, herda o reino dos céus! Quando você é a criança mimada, mentirosa, prepotente e coloca a culpa no outro, esta lhe rouba a alma e não deixa você ser feliz.

Rubens Fernandes
rubensfernandes@bol.com.br

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