terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Brigas

Brigas

Acontece com frequência entre amigos, amantes e familiares discutir para se impor diante do próximo aquilo que é entendido como verdadeiro. Seguro de estar sendo autêntica parte para manifestar o que lhe é interessante, sem se importar com o envolvimento da outra pessoa ou, até mesmo, porque se encontra numa fase de análise ou interiorização e, por isso, se vê no direito de achar que todos estão errados. Nada contra, muito pelo contrário, justiça tem que ser feita para que não haja baixa estima em nenhum dos lados. O que não pode é a manifestação isolada onde ambos julgam estar certo conforme os padrões e conceitos adquiridos.
Fato é que quando ocorre um debate ou explanação de justificativas, todos querem elevar a autoestima, passando por cima do suposto adversário e algo interessante sucede. Vejamos...
Primeiro é a questão da visão que cada um sempre tem que é a do lado que lhe pertence, sem procurar entender a argumentação oposta, impõe, pelo motivo de ter dentro de si a prepotência e o interesse próprio, agi em razão da satisfação do ego que não permite a realidade dos fatos, o que leva a discussão a permanecer somente no campo mental, anulando a compreensão e de certa forma inibindo o aflorar dos esclarecimentos. Quando um não quer, dois não brigam. Fácil seria se uns dos lados atentassem para as razões emocionais do outro, o que geraria compaixão, menos briga e elucidação sem atritos ou cobranças.
Segundo, é que não existe a badalada autoestima porque todo aquele que se eleva contra o outro para disputar a posse ou triunfo de uma ideia, extrapola os direitos humanos e, assim, não tem ouvidos para assimilação dos argumentos contrários. Não existe também quando os envolvidos se declaram com amor, pois, a recíproca é verdadeira e as diferenças são colocadas com afeto, carinho e respeito, transformado brigas em saudáveis diálogos de aprendizagem.
A autoafirmação não deve ser colocada por imposição diante da disputa, pois, nada tem a ver com o desenrolar dos conflitos. Entendendo melhor, é mais fácil conduzir a discussão com os meus argumentos do que prestar atenção nas informações do opositor, visto que, os argumentos usados são únicos a partir do pensamento egoístico de quem debate e quer triunfar e não elucidar, tudo em função de não mais permitir existir em sua vida a famosa baixa estima.
Se a maioria das desavenças observasse o apreço ou valorização que qualquer pessoa tem que conferir a si própria, permitindo-lhe ter confiança nos seus atos e pensamentos, até o momento da contra-argumentação executada pela defesa, muitos rompimentos de amor e amizade deixariam de existir, pois, os sentimentos que libera fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém não ultrapassaria o limite do bom senso frente à divergência.
Todo ser é confiante quando descobre que o coração bate mais forte para desarmar uma mente dominante. Dar vazão aos pensamentos é justo desde que eu encontre dentro de mim o respeito pelo próximo. Quando atinjo a maturidade de que o próximo sou eu, descubro que quando brigo, brigo comigo mesmo, saindo do campo de batalha bastante ferido.

Rubens Fernandes

rubensfernandes@bol.com.br

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