terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Falsa superioridade

Falsa superioridade

Não existe algo pior para um ser humano que possuir dentro de si o abuso do poder, exercitado com autoritarismo e longe da vontade de se relacionar com os entes queridos por naturalidade, amor e amizade. Pessoas com este tipo de sentimento são incapazes de reconhecer a desvantagem de viver uma existência ou parte dela acatando a obediência do ego condutor, é sufocante e destrutivo para uma saudável convivência pessoal, social e familiar.
A falsa superioridade pode ser manifestada de duas formas: a interna e a externa. A externa é fácil de ser percebida, pois a pessoa com esta característica é exposta de tal maneira a ser reconhecida e criticada pelos atos e atitudes. Trata-se de indivíduo que governa conforme convém o que lhe é interessante. O resultado desta falta de humildade para extravasar seu carinho com quem relaciona acaba transformando-o em tirano, já que exige uma obediência passiva por parte dos envolvidos, pelo fato de não tolerar ser desagradado. São os prepotentes externos identificados pelo seu modo de agir e se comunicar. Faz tudo direto na exposição dos próximos.
Difícil é observar e encontrar os senhores dos poderes internos. São mansos por fora, porém, agitados por dentro. Ocultos, não aceitam ser contrariados e não revelam com facilidade a autoridade doentia. Sofrem as escondidas, já que não conseguem levar a cabo seu poder superior ao encontrar resistência, quer da vida, dentro das possibilidades e dos acontecimentos negativos que geralmente ocorrem em razão das ações que independe do seu querer. Quer das pessoas, por não respeitar o direito da vontade de ser e expor que cada um tem por livre arbítrio. São os prepotentes internos que, quando não identificados, fazem estragos em si e nos outros. Sua exposição ocorre na esfera psíquica, cultivando mágoas e raivas.
É mais fácil conviver com os ditos superiores externos do que com os superiores internos, pela questão de viverem nas entranhas das influências mentais. Para reconhecê-lo, basta afastar o amor e o respeito envolvente, prestar mais atenção nas ações e nas práticas, assim, torna-se claro verificar este biótipo de prepotência, guardado a sete chaves na massa mais rígida do coração. De mau humor constante, são bombas ambulantes de doenças físicas e mentais, prestes a explodirem a qualquer momento. Se contestado afastam às escondidas na tentativa de se isolarem da contrariedade que lhe podem ser impostas. Abandonam a todos que amam a partir do momento que encontram resistência, principalmente após obrigarem alguém a fazer algo contrariamente a sua vontade. Isolados, reclamam a falta de atenção e carinho. Embora amantes incondicionais e capazes da mais alta valorização humana, tornam suas vidas inaceitáveis, até encontrarem o caminho do respeito e do amor próprio, perdidos quando ainda criança, através dos traumas adquiridos da educação repressora a qual foram expostos. Em ambos os casos de tirania do poder só a reconciliação com a humildade resolve.

Rubens Fernandes

Nenhum comentário: